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Há um ano, eu abri os olhos depois de 43 dias em coma.

Desde então, eu comecei uma outra vida. No meu caso, acredito sim ter nascido de novo. Tirando minhas funções cerebrais, eu não tinha mais nada da minha “vida anterior”.

Não falava, não me mexia, não comia ou bebia. Meus movimentos eram somente de pescoço. Meus sentimentos estavam presos dentro de mim.

Eu sentia tudo, mas não conseguia demonstrar nada…

Ao mesmo tempo, ouvia que minha recuperação dependia só de mim, porque a medicina tinha esgotado suas tentativas de me trazer de volta à vida. Os médicos não desistiram de mim, mas sim de me explicar como eu estava ali.

Desde então, tenho lutado e vencido muitas batalhas. Se me perguntarem como eu achava que ia estar hoje, diria que estaria 100% recuperado, vivendo normalmente, sem qualquer tipo de sequela.

Não é bem assim. Ainda preciso de oxigênio extra pra manter a saturação e não consigo sentir a perna esquerda do joelho pra baixo. Mas sigo lutando e fazendo bons avanços. Por exemplo, sentar à mesa, usar os talheres e me servir sem precisar de ajuda e sem cansaço.

Sem exagero, quando você perde toda sua força muscular, não é fácil cortar um franguinho.

Hoje fiquei de pé sozinho, sem precisar de ajuda, mas de apoio pra não cair. Sei que é difícil explicar, mas ficar de pé sozinho depois de um ano é difícil pra caralho. Tontura maior do que qualquer bebedeira…

Esses dias me peguei reclamando. Não porque sou ingrato, mas porque sou humano. Não sou santo, fico puto, falo besteira, mas acho que é normal.

É foda passar por tudo isso, mas acho que tô indo bem.

Como eu estarei daqui um ano? Não sei. Mas certamente estarei melhor que no meu primeiro “aniversário”.

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